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Arquitetos: N/A
- Área: 46 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Ján Kekeli
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto de reconstrução do cemitério militar da Primeira Guerra Mundial em Banska Bystrica é entendido não apenas como uma chance de reviver um espaço reverente que homenageia os 1385 soldados mortos ali sepultados de 1914 a 1918, mas enquanto um espaço que apresenta o processo de esquecer e negligenciar o que deve ser lembrado. O cemitério da Primeira Guerra Mundial de origem austro-húngara foi abandonado durante o regime comunista nos anos 50 e brutalmente sobreposto quando foi dividido por uma nova infra-estrutura viária.
Após a queda do comunismo nos anos 90, a memória desse lugar não foi restaurada, pelo contrário, foi erradicada com a construção de um showroom de carros sobre o terreno histórico. O resto foi deixado à natureza para ser coberto com árvores e arbustos para completar o esquecimento. Foi a partir de movimentações da sociedade civil que as memórias desbotadas ganharam força com o centenário do fim da guerra em 2018 e o município iniciou o projeto de reconstrução do cemitério através de um concurso aberto de arquitetura e paisagismo em 2016.
O projeto limpou a natureza selvagem de todos os túmulos do cemitério ainda presentes e introduziu uma nova forma natural na perspectiva de que este tipo de paisagem cultural, mas ainda natural, recriaria uma noção de cuidado restituído, mas de uma forma delicada que não prioriza ou hierarquiza o acesso às tumbas melhor ou pior conservadas. A imagem tradicional do campo de lápides em um gramado bem conservado não era possível nesta situação.
A peça central do projeto de revitalização é o MONUMENTO. Um volume abstrato e formal que não se encaixa no contexto circundante percebido pelos carros e pedestres que passam. Ele provoca por não se encaixar. Ele nos convida a explorar a situação. Ele ocupa o único espaço ainda disponível entre os túmulos e as histórias - diretamente na fronteira entre o cemitério civil e o de guerra. Assim reage ao contexto de esquecimento, mas também cria um novo contexto. Seu papel é lembrar os acontecimentos históricos e os soldados da Primeira Guerra Mundial, assim como possibilitar uma visão geral do estado atual do cemitério.
A visão geral é possível graças a uma plataforma elevada no topo do monumento, acessível através de uma escada integrada à sua parte interna, que permite ver todas as camadas de esquecimento e lembrança em uma só imagem - cemitério, entroncamentos, showroom de carros, 1385 nomes negligenciados. A escada e a plataforma são os espaços públicos do monumento, abertos a todos os visitantes 24 horas por dia. O espaço sob a escada, dentro do monumento, orientado a partir da estrada, é aberto apenas uma vez por ano no Dia da Lembrança (11 de Novembro) e serve como um espaço reverente.
Um dos principais desafios foi a situação, não só em termos do contexto, mas também do terreno limitado disponível para a construção. Faixas de 5 metros de largura e 100 metros de comprimento, que seguiam a fronteira original entre os dois cemitérios, foram identificadas e se tornaram o local para o mirante sobre o monumento. A largura e o comprimento, além de um espaço para os pedestres, foram parâmetros para a forma do MONUMENTO que se formulou como a combinação entre uma parede com uma escadaria e uma plataforma no topo. O caráter monumental foi resultado dos limites, mas se tornou uma interpretação forte durante o projeto.
Para fortalecer a leitura monumental do projeto, o material escolhido para a estrutura foi uma opção com o objetivo de minimizar a imponência como arquitetura. Toda a estrutura é feita de chapas de aço de 8 mm de espessura que, foram cortadas a laser em fábrica e soldadas no local para atuar como uma unidade estrutural. A estrutura, fachada, escadas e piso funcionam como um só e nada pode ser removido. Ao criar este conjunto, foi possível conceber o monumento como uma ponte que repousa apenas sobre duas fundações lineares.
A tecnologia de corte a laser e a materialidade escolhida tornaram-se também parte integrante da comunicação visual do MONUMENTO e todos os textos e infográficos foram recortados ou soldados nele, se tornando parte integrante do corpo monumental. O material escolhido para a serralheria também é ideal em termos de manutenção, pois não é necessário nenhum acabamento e o envelhecimento do material e sua reação ao meio ou à atividade das pessoas torna-se seu diário no tempo.